A Engrenagem Editorial já existe faz alguns anos, mas estava mais para portfólio do que realmente uma empresa full-time. No final de 2011 eu resolvi que era hora de mudar isso e viver exclusivamente do meu próprio empreendedorismo. Nova fase, era necessário um novo logotipo. Até porque eu já não estava contente com o antigo já fazia um tempo.
A ideia principal do logo eu ainda gosto: uma engrenagem constituída de letrinhas. O logo que eu tinha montado para essa primeira encarnação da Engrenagem tem a engrenagem feita de “a” minúsculo na fonte Leitura Sans, e o nome da empresa em Gotham. O problema, que já me incomodava pouco depois de “oficializar” esse logo e me incomodou cada vez mais, é que “ornar” uma forma circular com uma forma retangular não dá muito certo – inevitavelmente uma fica na tangente da outra, o que faz com que o nome da empresa sempre dê a impressão que não está encaixando muito bem com o símbolo. Eu precisava fazer as duas se conectarem melhor.
Meu primeiro experimento foi simplesmente diminuir a proporção da engrenagem para o nome, usando uma fonte mais mecânica e tecnológica para dar um arzinho futurista. Ao escrever tudo em caixa alta, eu queria evitar os buracos entre ascendentes e descendentes das letras em caixa baixa. Mas ainda não resolvia a sensação de que o nome parece estar quase caindo da roda.
Talvez a solução fosse realmente unir as duas formas encaixotando o nome e sobrepondo-o à engrenagem. Colocar uma palavra sobre a outra deixa a caixinha menos comprida, e essa nova proporção tinha a vantagem de permitir que se distinguisse melhor as letras que formam a engrenagem. Aqui também comecei a experimentar mudar o número de raios dos cinco que formavam a engrenagem anterior, assim como o número de dentes da engrenagem.
Insisti mais um pouco variando o número e o formato dos raios da engrenagem, colocando uma cor, mas não fiquei satisfeito. Três raios fica parecendo o símbolo da paz, a combinação em forma de estrela acima fica muito sujo. Esse degradê me dá a sensação de datar demais o logotipo, algo que eu não quero para uma marca que pretendo usar por um bom tempo. E a engrenagem por trás da caixa me dava uma impressão perene de sol nascendo em desenho de criança no pré-primário.
Era hora de parar de ficar atirando a esmo e pensar melhor antes de continuar desenhando. Primeiro problema: encaixe. Uma engrenagem só não ia dar certo – seriam necessárias duas para se obter uma forma que se assentasse direito no nome da empresa. Mas como seriam elas?
Quem gosta de quadrinhos sabe que Alan Moore escreveu muito mais que os famosos Watchmen e V de Vingança. Uma de suas obras que eu mais gosto é Promethea, em que, entre aventuras no reino da imaginação e o apocalipse, a heroína do título ainda tira um tempo para visitar todas as esferas da Árvore da Vida. É um arco de onze edições que acaba servindo como uma introdução à cabala. Para quem não sabe, cada uma das sephiras da cabala tem seu número, e resolvi que ia checar o significado de cada um deles para resolver pelo menos um dos dilemas, quantos raios e quantos dentes as engrenagens iam ter.
E foi assim que eu descobri que 8 é o número da comunicação, da magia e do intelecto. E que o 7 é o número da vitória e do amor. Hmmmm, comunicação + vitória, nada mal, hein? Fechou: uma engrenagem teria 8 raios e 16 dentes, e a outra teria 7 raios e 14 dentes. Pra reforçar ainda mais a relação entre o 8 e o 7, o tamanho da engrenagem com 7 raios seria 7/8 da engrenagem com 8 raios.
Para criar uma proporção agradável entre o espaço positivo e negativo das engrenagens, eu precisei reduzir o tamanho das letrinhas até que se tornassem pouco mais que uma textura, o que no fundo não me entristeceu porque dá um ar bem orgânico a elas. Seguindo esse toque irregular, pesquisei por fontes script e tive a felicidade de encontrar a Populaire, uma fonte nova cujo desenho feito a mão não estraga a legibilidade nem parece sujo demais. E ainda por cima tem várias variantes para letras que se repetem frequentemente, como o “A”, o “E” e o “R”, o que torna o logo mais natural.
Agora foi só uma questão de encostar uma engrenagem na outra e encaixar o nome. Alguns ajustes no kerning entre as letras sempre é necessário para que as letras fiquem bem apoiadas entre si. O trabalho valeu: consegui fazer um logo que rende um bom ícone, que funciona até em tamanhos ínfimos como no favicon desse site. E que gera um padrão que pode ser usado em outras questões de identidade, como no cartão de visita da empresa:
Uma resposta a Logotipo da Engrenagem Editorial
Muito legal, agora q eu li percebi como se faz um logotipo, e como ha variacoes, e q tem q fazer miiiillll vezes pra dar certo. Beijos!!!!!!